terça-feira, 12 de julho de 2016

quando deixei.

Quando deixei de acreditar em mim
me separei de mim, de tudo que sinto
Só senti o medo
E ele sobrando, faz eco no peito…
Dá nó na garganta
seca todas as lágrimas, mas não tira a vontade de chorar…
Quando deixei de acreditar em mim
Já não havia mais lugar. O mercado tava cheio. Era tanta gente que ficava todo mundo só.
Quando deixei…
Eu perdi o riso. A gargalhada se despediu profundamente...os desejos se fantasiaram de nada...e eu os perdi de vista.
Fiquei patética. Falando das dores. Fazendo o medo me engolir, com casca e tudo.
Tudo que sonhei se espatifou...já me confudia… “fui eu que fiz isso?” “Eu sonhei com esse lugar?”
Não sabia mais quem eu era...não sabia.
Quando me deixei…
Fiquei tão triste...que fingia estar tudo bem e não tinha coragem de dizer “eu não sei mais quem eu sou”. Meus olhos secaram...meus pêlos não se arrepiaram mais…
O prazer virou medo.
Quando o prazer vira medo a vida se revolta...é mar bravio...é vento bravo...é Iansã rodeando o que não quer ver.
O mar bravio de dentro…
Esse é uma faca no peito.
O canto paralisa. E sempre parece que tento ser algo que não está aqui.
A dor de tentar ser o que não é, é tão imensa quanto a palavra Deus.
Destrói sua memória. E você não se lembra quem era...o que quer dizer?
O que tens a dizer?
Cantar é dizer...rir é dizer...ter prazer é dizer...E o medo te cala.
Quando deixei…
Parei de cantar. Parei de criar. Parei de compor. Parei de musicar.
Porque nada mais seria suficiente.
E assim a gente morre...a pior morte de todas…é a morte de dentro.


Abril, 2016. 

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