segunda-feira, 27 de setembro de 2010

os olhos molhados de brilho fraco...

dentro de um coletivo...
Os olhos daquele homem grisalho passeavam pelas imagens e cenas cotidianas que ficavam pra tras e por detras dos vidros da janela...
Eram olhos de quem parece ver aquele angula pela primeira vez...
De quem esta cansado e esgotado...
Uma blusa preta esquentava seu corpo, e botas pretas e grossas, os pés..
Havia um silencio no seu habitar o espaço...enquanto que homens outros faziam ruidos, com uniformes de quem esta pronto para a labuta...
Aquele nao estava...
Estava esgotado e pelo mesmo motivo, cheio de vida...cheio de fluxos...
Como fazer os fluxos pulsarem?
Fiquei de frente pra sua nuca...e apenas via os movimentos que a cabeça fazia quase ao entortar o pescoço e olhar as tais cenas que ficavam pra tras...
Os olhos molhados...
Um brilho fraco...
O corpo sereno e esgotado...
Nao estava estendido no chão, seu Chico... Mas estava estirado de pé... parecia estar com mortes de gota em gota...
Deram o sinal de parada...o som do grito de quem quer descer...
O homem se levantou, calmamente...Movimentos leves faziam-no virar de frente para mim, de costas para o motorista...
De frente...sua roupa brilhavam mais que os olhos...
Era laranja ardido...para nao perde-lo de vista..Parecia uma marca, um radar...
O corpo estava preso dentro daquele macacao...as juntas, as articulações conheciam agora um so movimento...
Era um olhar longe...livre...que voava, mas rebatia-se dentro da roupa...
E com suas limitações de sonhos, la se foi o homem dos olhos molhados de brilho fraco...
Foi esgotado...caminhando em direção ao campo de concentração de energias e forças de vida, que ficam estreitas de tanto serem estranguladas pelo tempo...