quinta-feira, 20 de agosto de 2009

.um tempo com sentido e direção.

Nada melhor que a experiência...
Um instante a mais que se cria com o espaço, que parece ser uma outra visão...
E de fato, é outra visão que se tem do mundo depois de experienciar!
Incrível como as coisas vão mudando de lugar, de contexto e significado...seria então, a vida, atemporal? Onde a experiencia é quem dita a transformação e o ritmo?
O tempo... ainda é para mim algo indecifrável e altamente qualitativo. O tempo passa...dizem que não volta, não.
Será mesmo que ele tem sempre o mesmo sentido?
Não poderia ser em círculos, um espiral? Em que todas as épocas acontecem ao mesmo tempo, mas em outra dimensão?
Isso já chegou a ser tema de uma conversa de jovens adolescentes precupados mais com a temporalidade do homem, do que com a aula dada na escola, aula esta que dificilmente era interessante...("bons tempos aqueles tb")

O fato é que o relógio marca lá algo...
mas talvez não seja o tempo em si. No sentido subjetivo da coisa...
Hoje, dois senhores de cabelos brancos já com a feição que declarava a experiencia de suas vidas, se encontraram na rua...O sorriso que lhes brotou no rosto fez-me parar e não pude deixar de escutar o que um deles disse após um grande abraço:

"É...o tempo passou para nós"

Mas ele dizia isso com uma alegria que nunca vi!! E um sorriso que foi emocionante...não haveria outra palavra para isso...
O tempo passou...
A vida não passou...
Por que mesmo que existe sentido e direção?
"Voltar ao passado? Que horror!", dizem alguns que defendem com unhas e chifres a visão "para frente", "pro futuro"...isso sim é algo que deve ser feito da vida! "Olhar para frente", dizem eles...
Outros, já percebem o mundo de outra maneira...sentem falta do seu tempo...
"Ah, mas no meu tempo isso nao acontecia", é o que dizem...e com uma tristeza de quem quer voltar! Voltar para onde?

Vejo que ele angustia todas as partes... o passado que nao volta, o futuro que nao chega..o presente que dá choques...

Penso que estamos olhando pro lugar errado...
talvez não seja o tempo quem dita as coisas..
talvez nao seja ele que "passe"... e nem fica parado a ponto de podermos voltar a ele..
Tempo não é um lugar...nem hora...
nem sei mesmo se ele existe.

Sei que a experiência na vida é o que nos transforma...é o que nos faz olhar para momentos diversos e percebe-los da maneira como deve ser... e se ficar diferente, tornar-se-á diferente.

Nada como saber olhar para uma criança, já que com grande experiencia marcada nos olhos, sorriso e alma, e percebê-la em sua imensa e completa dimensão...

A imagem que fica hoje?
Um senhor... que soube escutar um choro...pegar sua pequenina mão...e caminhar um pouco...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

.Quem se fez ali?.

Quem se vai ali?
O anoitecer virava do avesso...e fazia despertar...
Acordava calmamente a alma de um sono profundo...e aconchegante de ombros..
Convidava a dançar algo que não sabíamos o passo.
Improviso?! Nada melhor que o risco de improvisar notas nos ares da madrugada...notas que se calavam com a boca...os olhos que nada enxergavam além da ausência de luz...dos contornos...
A música começara...como o trompete de Miles Davis que enchia os olhos d'água e o jazz de bossa...
Cada minuto virou horas...e horas...e horas...
Um ritmo que encontrava o pulso já não tão lento... e fazia girar! Como numa ciranda , brincadeira de roda...em que não se ve mais o início...nem fim..nem meio...apenas estava ali algo que girava com tanta percepção que pela primeira vez não perdi nem um detalhe sequer da canção...
Ah! Como era bela de ouvir!
O corpo todo é um ouvido...já diziam...e o é mesmo!
Ao final dos improvisos delicados...uma pausa.

...

a música estava iniciando o seu final daquela vez...com arpejos...que foram indo...indo...até quase nao se ouvir...

...

Era o amanhecer que vinha cobrir o sereno da madrugada que se instalara na pele exposta... Era como uma canção de acordar...em que os olhos novamente se viam...os sorrisos se cumprimentavam...o corpo todo se dava bom dia.
Quem ficou ali?
Um todo bem muito maior que a soma das partes...
Éramos outros...que já sabiam improvisar como Miles...algo que muito me agradava!
...
Em meio a tantos encontros como o poente....esse algo era o único ficava...