sexta-feira, 17 de julho de 2009

.pessoas que pingam.

Um ser diferente...que a cada vez se redescobre num mundo novo, recriado e vestido por ele mesmo. Ele, aquele que vê, enxerga, faz: o artista. Mas muitos perguntam:
- "artista de que, cristo?" Se respondemos da argila, da tela, da camera, do movimento, do som, fica facil compreender...a criatividade já vem carimbada no pacote...
E se dissermos:
- "Da vida, das relações, do afeto..."?
Uma cara de espanto e lucidez em forma de suor começam a escorrer do rosto daquele que perguntou...ele logo se afasta...e volta sua caminhada ritmada.
O outro? Continua...um pouco sem andar...apenas olhando quem passa...observando os braços que passeiam da mesma forma pela massa de ar que nos encobre...
Olha para cima...vê as nuvens que parecem também pegar o metrô pro Paraíso..ou pra Ana Rosa...Afinal, estão sempre correndo..voando...em velocidade suportável...
O Artista torna a olhar para baixo, vê os pés coloridos, vestidos, outros nus... num compasso de máquina de escrever quando não tem pausa. e se tem? São todas as teclas juntas.
Parou a música?!
- "Se parar. cessem os movimentos!"
- "E quem disse que o silêncio não é musica? Que nossos saltos nao são musica? A roda dos carros passando em cima da poça d'água já suja?"
Um alguém pára o outro na rua e convida:
- Dança comigo?!
- Não posso...estou atrasado...uma outra hora...
- São apenas 60 segundos!
E os passos ficam longe, longe...sem querer dançar...sem se deixar dançar..
E ninguém quer dançar.
Faz tempo que não chove no mundo da arte!
Faz tempo que quem vive no sertão da estranheza e da solidão, não vê um pingo sequer!
E os que vê? Passam longe... fogem carregados por nuvens que só aceitam o destino do paraíso...
Afinal, quem quer o destino do sertão? Um sertão incerto...vezes seco, outras molhado...rachado, sustentável...ao mesmo tempo criativo, rico...não aquela riqueza vista aos olhos...mas aquela que reinava no mundo do pequeno príncipe...
Um risco que se corre morrer de sede a vida toda...cadê os pingos que são carregados? Ninguém se solta da certeza das nuvens cinzas?
Mas há quem pinga!
E em cada gota dessa....vida, amores, dimensões outras germinam por si só...


Como é belo germinar por si só!

E quem sabe disso...?
- "Apenas o artista que vive no sertão da arte da estranheza e da solidão..."
Não escolho saber...mas sei.

Um comentário:

  1. esse ar do seu mapa briiilha nos seus textos!haha adoro ver essa leveza, muito bom!

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